Terroristas islâmicos em Moçambique decapitam mais de 50 pessoas
AED
Reportagem local - publicado em 12/11/20
Eles esquartejaram os corpos num campo de futebol transformado em local de execuções: entre as vítimas, ao menos 15 crianças e jovens
Terroristas islâmicos em Moçambique decapitam mais de 50 pessoas: a chocante notícia veiculada nesta semana pela mídia mundial e dá um indício do nível de horror que se vive hoje na parte norte do país africano de língua portuguesa.
O grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico na África Central atacou a pequena localidade de Muidumbe, na província de Cabo Delgado. Os fanáticos decapitaram mais de 50 pessoas e esquartejaram seus corpos num campo de futebol, que o grupo transformou em local de execuções. Entre as vítimas estão ao menos 15 crianças e jovens.
Os militantes islâmicos se declaram ligados ao mesmo Estado Islâmico que aterrorizou o Iraque e a Síria, onde hoje tentam se reorganizar após as pesadas derrotas militares que sofreram.
Terroristas islâmicos em Moçambique
Em Moçambique, os confrontos têm acontecido desde 2017 na província de Cabo Delgado, que é rica em gás natural, mas tem população muito pobre. Os jihadistas exploram essa pobreza para recrutar novos adeptos, visando o controle da região.
Desde que invadiram a província, os fanáticos já mataram mais de 2 mil pessoas e provocaram a fuga de pelo menos 430 mil. É comum que os jihadistas disparem contra civis, incendeiem casas, sequestrem mulheres e executem pessoas.
O governo moçambicano pediu ajuda internacional para conter os brutais e covardes ataques dessa corja de fanáticos, que intensificaram drasticamente os níveis de violência ao longo de 2020.
Uma das vozes mais ativas em denunciar e organizar ajudas para a população apavorada é a de dom Luiz Fernando Lisboa, bispo da diocese de Pemba, capital da província. O bispo, que é brasileiro, está ameaçado de morte.
do site Alateia
Papa preocupado: o Estado Islâmico chegou a um país de língua portuguesa
Reportagem local - publicado em 25/08/20
Francisco telefonou para o bispo local, o brasileiro dom Luiz Fernando, ameaçado de morte
No Ângelus deste 23 de agosto, o Papa Francisco declarou:
“Desejo reiterar a minha proximidade à população de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, que sofre com o terrorismo internacional. Faço isto na memória viva da visita que fiz há um ano àquele amado país”.
Sob o terror
Milicianos jihadistas ligados ao Estado Islâmico incendiaram a igreja de Mocímboa da Praia, no norte de Moçambique, além do colégio Januário Pedro, o hospital distrital e dezenas de casas, carros e lojas.
A cidade portuária fica na região do Cabo Delgado, rica em reservas de gás natural liquefeito. A jazida é uma mais importantes da África e atrai grandes investimentos para a sua extração. Invadida pelos jihadistas e por bandeiras pretas, principalmente desde junho, a província está apavorada: as pessoas, com medo de ataques repentinos e brutais, estão fugindo sem levar praticamente nada.
O Estado Islâmico espantou o mundo ao se aproveitar das instabilidades que se seguiram aos levantes populares da fracassada “Primavera Árabe”, a partir do final de 2010, para conquistar territórios e implantar um regime de terror principalmente nas regiões mais debilitadas pela fragmentação do poder entre facções em combate, como o Iraque, a Síria e, pouco depois, a Líbia. Além disso, aliou-se ao selvagem bando de fanáticos terroristas islâmicos Boko Haram, da Nigéria, um dos mais sanguinários da atualidade. Apesar da derrota do Estado Islâmico no Oriente Médio e da perda da quase totalidade dos territórios que havia conquistado e devastado, o grupo de assassinos mantém células ativas e laços com vários outros bandos doentios em diversas regiões da Ásia e da África.
Agora, pela primeira vez, o grupo está começando a espalhar o seu fanatismo terrorista de modo mais intenso num país de língua portuguesa.
Telefonema do Papa
O Papa Francisco telefonou no dia 19 de agosto para o bispo de Pemba, dom Luiz Fernando Lisboa, que é brasileiro e está ameaçado de morte. Sua diocese fica na região invadida pelos terroristas.
Francisco orientou dom Luiz Fernando a manter contato com o cardeal Michael Czerny, do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, que o ajudará na assistência humanitária à população local.
Por sua vez, dom Luiz Fernando contou ao Papa que, depois dos ataques, além das pessoas assassinadas, do terror entre os sobreviventes e da destruição provocada na região, há também duas freiras desaparecidas, ambas da congregação internacional das Irmãs de São José de Chambéry.
Uma região desolada pelo sofrimento
O Papa visitou o país em 2019. O lema da visita foi “Esperança, paz e reconciliação”. Moçambique vinha de uma guerra civil devastadora, principalmente em suas regiões centro e norte. Além disso, também sofreu os efeitos arrasadores dos ciclones Idai e Kenneth, com mais um rastro de mortes e miséria.
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