terça-feira, 12 de março de 2024

Terroristas islâmicos expulsam 80 mil cristãos de suas casas em Moçambique

Grupos radicais armados invadem aldeias, desalojam famílias, incendeiam igrejas e raptam crianças na região de Cabo Delgado, ao Norte do país. Onda de violência e perseguição aumentou nas últimas semanas Uma reportagem publicada pelo jornal The Telegraph nesta sexta-feira (8) mostra a situação trágica dos cristãos de Moçambique perseguidos por grupos islâmicos. O texto assinado pelos repórteres Peta Thornycroft e Ben Farmer informa que pelo menos 80 mil pessoas foram expulsas de suas casas nas últimas semanas com a escalada de violência promovida por radicais islâmicos na região de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique. A reportagem começa contando a história de um agricultor cristão de 60 anos: “Quatro vezes em quatro anos, Amade fugiu da sua aldeia, com medo de ser morto por militantes ligados ao grupo Estado Islâmico que queimam casas e têm fama de decapitar “infiéis”. A sua região no norte de Moçambique tem sido assolada pela insurreição desde 2017, deixando milhares de mortos em ambos os lados e suspendendo um projeto de produção de gás devido à falta de segurança. Depois de uma relativa calma no ano passado, nas últimas semanas assistimos ao que os monitores chamam de “uma escalada massiva da violência insurgente”. Pelo menos 80 mil, a maioria cristãos, foram expulsos das suas casas, o exército de Moçambique sofreu o seu dia mais sangrento em três anos, uma cidade e uma ilha foram capturadas e várias igrejas foram queimadas. Cerca de 70 crianças seriam raptadas para serem usadas como soldados na guerra. “Esta foi a quarta vez que fugimos de ataques na minha aldeia desde 2020. Não temos comida e dependemos da generosidade de outras pessoas para comer”, relatou Amade aos repórteres do jornal inglês. Ernestina Jeremias, uma parteira de 32 anos, disse que foi forçada a abandonar a sua casa em Chai três vezes no mesmo período. “Os ataques destruíram tudo o que tínhamos, incluindo as nossas vidas”, disse ela enquanto visitava uma clínica em um acampamento de refugiados dos Médicos Sem Fronteiras em Macomia. “Esta é a terceira vez que fujo de Chai. Os últimos ataques foram os mais brutais, pois aconteceram repetidamente durante duas semanas.” Os recentes ataques levaram a Igreja Católica a encorajar os seus membros a abandonarem a região. Dom Antonio Juliane Ferreira Sandramo disse à fundação católica Pontifícia e de caridade Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que os que fugiam evitavam o “mesmo destino daqueles que foram decapitados ou baleados” em ataques que já ocorreram “em dezenas de aldeias… onde todas as capelas cristãs foram destruídas”. Em março deste ano, os radicais islâmicos chocaram o mundo da energia quando invadiram a cidade de Palma. O ataque matou dezenas de pessoas e desencadeou uma evacuação em pânico de empresas internacionais que exploravam as vastas reservas de gás do país. A TotalEnergies, gigante energética francesa, que pretendia instalar na região uma fábrica de gás natural liquefeito (GNL) avaliada em 20 mil milhões de dólares, deixou a província dias após a violência. Em 9 de fevereiro, uma força insurgente que, segundo os habitantes locais, contava com 150 radicais islâmicas, atacou as forças de segurança do país, matando pelo menos 22 soldados em Mucojo. Mais tarde, os canais de propaganda do Estado Islâmico mostraram uma pilha de corpos uniformizados, pelo menos dois deles decapitados. Foi o ataque a mais violento dos últimos três. Houve outros ataques em Chiure, onde várias igrejas foram queimadas, bem como em Macomia, Meluco e Quissanga. Os apoiadores do Estado Islâmico saudaram a ofensiva, dizendo que faz parte de um esforço internacional mais amplo do grupo denominado campanha “Mate-os onde quer que os encontre”.

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