sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ISLAM'S MURDERERS: O CASO DO BISPO PADOVESE

Em 3 de junho, o choque: o Bispo católico da Anatólia e presidente da Conferência Episcopal Turca é morto a facadas por seu motorista.  Um dos mais influentes prelados do Oriente Médio, ele foi o redator do texto-base para o Sínodo dos Bispos da região que o Papa levava justamente para apresentar em Chipre. Sua morte  recebeu explicações conflitantes no decorrer dos dias.

Duas interpretações do assassinato de Dom Luigi Padovese correram nos meios eclesiásticos implicados no caso. A primeira, avançada pelo Papa em viagem a Chipre, no dia seguinte ao ocorrido, é a de "motivações pessoais" para o crime. Uma depressão ou perturbações mentais, ou ainda, na acusação do próprio assassino, os ataques homossexuais que teria sofrido por parte do bispo. A segunda interpretação, um assassinato ritual islâmico, praticado com detalhes, com o objetivo de impor o medo do "banho de sangue católico" à visita do Papa e à suas negociações no Oriente Médio.

A primeira interpretação, evidentemente errônea, teria tido como função exatamente quebrar o primeiro efeito terrorista do assassinato, permitindo a Bento XVI concluir com sucesso sua visita a Chipre, deixando para mais tarde a investigação das causas reais do crime.

Uma terceira interpretação foi ainda aventada pelo jornal espanhol El País, afirmando que o alvo do atentado seria o Papa em Chipre, onde Dom Padovese e seu motorista estariam muito próximos do Pontífice.

Os três artigos abaixo, entre os muitos que foram publicados, resumem o que se conhece no momento sobre o caso. 

Lucia Zucchi

Assassino de Dom Padovese não agiu sozinho

10/06/2010
As versões oficiais começam a soar como um compromisso costurado com os alfinetes da prudência e da alta política. A polícia turca, a comunidade cristã de Anatólia e a autópsia realizada no cadáver do bispo Luigi Padovese coincidem em que o assassinato da última quinta-feira do prelado milanês, de 63 anos, foi por razões religiosas ou políticas e não, como se tem dito até agora, por obra de um alienado mental.
A reportagem é de Miguel Mora, publicada no jornal El País, 09-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A seis dias do crime, vai tomando corpo a ideia de que Murat Altun, o motorista de 26 anos que desferiu 20 punhaladas no presidente da Conferência dos Bispos da Turquia, não agiu sozinho.
Segundo a reconstrução elaborada pelas testemunhas e pelos líderes católicos da Turquia, Altun chegou à casa privada de Padovese em Iskenderun acompanhado por pelo menos uma ou duas pessoas. "A polícia começa inclusive a admitir que o bispo foi assassinado por pelo menos duas pessoas", indica o arcebispo de Esmirna, Ruggero Franceschini, em declarações ao jornal italiano La Stampa.
Várias testemunhas declararam, além disso, que quando o motorista assassinou o bispo ele estava protegido por um colete à prova de balas e indicam que foi preso pela polícia militar e não pela estatal.
Segundo essas versões, as desordens psíquicas de Altun invocadas em um primeiro momento pelo governo turco não existem. Alguns membros de sua família, que trabalhavam para Padovese na Igreja local, haviam se demitido do trabalho dois dias antes do crime, segundo revelou um membro da comunidade católica.
Segundo a autópsia realizada en Iskenderun, o corpo do bispo capuchinho, grande defensor do diálogo com o islã, recebeu 20 facadas, oito delas perto do coração. Sabe-se que Altun atacou o prelado dentro da casa, e que este conseguiu sair para o jardim pedindo ajuda. Ali, seu agressor o decapitou. Depois, Altun subiu ao telhado da casa e, segundo as testemunhas, gritou: "Matei o grande Satanás. Alá é grande".
Um assassinato ritual, segundo a agência católica Asia News, que traz a marca dos fundamentalistas islâmicos supostamente manipulados pelo chamado Estado Profundo, una rede golpista infiltrada nos serviços de segurança do Estado que busca derrubar o governo do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.
As autoridades turcas não admitem essa possibilidade neste momento. Primeiro, disseram que o bispo morreu a caminho do hospital. Mais tarde, que morreu na clínica. Finalmente, quando foi vista a foto do corpo no jardim, o governador da província, Mehmet Celalettin, descartou que o objetivo fosse religioso ou político, e assegurou que o agressor havia agido sozinho.
Nas últimas horas, as supostas desordens psíquicas de Altun foram até negadas pelo seu advogado, que assegura agora que o motorista matou o bispo em legítima defesa porque este abusava sexualmente dele. O bispo de Esmirna replica: "A autópsia confirmou que Padovese não teve relações sexuais nem na quinta-feira nem antes de quinta-feira".
Nas missões cristãs, interpreta-se que o homicídio significa uma mudança na estratégia anticristã dos radicais turcos. "Antes matavam padres, agora se atrevem com os bispos", disse uma religiosa local.
O Vaticano continua assumindo a versão defendida desde o começo para não comprometer a viagem do Papa ao Chipre. O fato chave é que Padovese cancelou as passagens de avião (a sua e a de Altun) quando só faltavam poucas horas para embarcar para a ilha, onde o Papa lhe esperava para apresentar o documento preparatório do Sínodo do Oriente Próximo.
O vaticanista Filippo di Giacomo, que reúne impressões de diplomáticos, amigos e colaboradores de Padovese, insiste que este, ao ser informado do perigo que Altun representava, "preferiu arriscar sua imolação pessoal para evitar uma tragédia pessoal, isto é, um atentado contra o Papa".
Di Giacomo explica assim a reticência vaticana: "É compreensível que a máquina de suavizar busque continuar o diálogo com a Turquia. E não seria a primeira vez que o interesse de um se sacrifica pelo interesse de muitos".
A magistratura italiana realizará uma segunda autópsia do corpo de Padovese quando ele for repatriado, provavelmente nesta quarta-feira ou quinta-feira. Os funerais serão realizados em Milão, cidade natal do prelado, e foram adiados até segunda-feira por esse motivo.



O Papa foi "mal aconselhado" pelos diplomatas vaticanos?
(13/06/10)

"Acredito que no Vaticano também entenderam que eu tenho razão: o homicídio de Luigi Padovese tem apenas motivações religiosas. O assassinato mostra, de fato, elementos explicitamente islâmicos. Não se trata do governo turco. Não se trata de Ankara. Não se trata de motivações pessoais. Trata-se apenas do Islã. Eu sei disso. O Papa disse antes de aterrissar no Chipre que 'não se trata de um assassinato político ou religioso, mas sim de uma coisa pessoal'. Acredito que ele tenha sido mal aconselhado. O Vaticano não pode nos ensinar certas coisas".
Esse é o fulgurante início da entrevista do bispo de Smirna, Ruggero Franceschini, a Paolo Rodari, no jornal Il Foglio deste sábado, 12 de junho.
A análise é de Sandro Magister, em seu blog Settimo Cielo, 12-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Entrevista que deve ser lida na íntegra. Muito detalhada sobre o assédio islâmico aos cristãos da Turquia. Sobre as escolas que incitam ao ódio religioso e humilham os alunos batizados. Sobre a dinâmica do assassinato de Padovese. Sobre o perfil do assassino e da sua família: "Sempre é um risco se encarregar dos muçulmanos do lugar. Já aprendemos isso às nossas custas".
O bispo Franceschini é um veterano da Igreja da Turquia. É o antecessor de Padovese em Iskenderun e, no mesmo dia em que foi publicada a sua entrevista ao Foglio, ele foi nomeado pelo Papa como vigário apostólico de Anatólia, no lugar do assassinado. Foi ele que presidiu os seus funerais e fez a homilia. Foi ele que, desde o início, manteve viva atenção sobre as razões reais do assassinato, que não podia ser liquidado como obra isolada de um louco.
E é ele, agora, que denuncia publicamente o erro cometido pelas autoridades vaticanas, antes com a voz do padre Federico Lombardi, mas depois, principalmente, com as palavras ditas por Bento XVI pessoalmente a bordo do avião para o Chipre, no dia seguinte ao assassinato de Padovese.
O fato de que, neste caso, o Papa tenha sido "mal aconselhado" pela secretaria de Estado já é um dado cmoprovado, graças à franqueza de um bispo como Franceschini, que tem todas as razões para dizer: "O Vaticano não pode nos ensinar certas coisas".
Para o Sínodo dos bispos do Oriente Médio agendado para outubro próximo, esse erro foi uma desastrosa preliminar. Não há nada pior do que estimular os muçulmanos inimigos do cristianismo com declarações que, para eles, soam como atos de pura submissão.
9/6/2010

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O bispo assassinado e as duas linhas do Vaticano
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Não existem duas linhas no Vaticano sobre a avaliação do homicídio do bispo Padovese. Às vésperas da partida do Papa para o Chipre, houve uma gestão "voltada a acalmar" – defendem grandes conhecedores das "interna corporis" da Santa Sé – um impacto do assassinato que poderia ter efeitos devastadores tanto para a visita de Bento XVI, quando, ainda mais, para a organização que, com um trabalho longo, meticuloso e preciso, foi inciada pelo Pontífice para o próximo Sínodo sobre o Oriente Médio. "Evitando desse modo manipulações interessadas", acrescentam as mesmas fontes.
A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada no jornal Corriere della Sera, 08-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Além dos muros do Vaticano e nos ambientes diplomáticos internacionais, pergunta-se se o objetivo do homicídio de Padovese (que alguns especialistas não hesitam em definir como uma execução "à la iraquiana"), se for demonstrada como fundada a sua matriz "ritual" lançada nesta segunda-feira pela agência Asianews, foi justamente o de condicionar com um ato violento, extremo e perfeitamente calibrado nos tempos a linha de Bento XVI.
"Acalmar o impacto" impediu que, eventualmente, esse objetivo fosse alcançado. Agora, a verdade dos fatos que será apurada sobre as causas da morte do bispo não poderá, em todo o caso, impedir aquilo que o Papa considera absolutamente necessário para evitar o "banho de sangue" na Terra Santa e o desaparecimento dos seguidores de Jesus Cristo dos lugares históricos da sua presença: o "triálogo" entre cristãos, judeus e muçulmanos, como caminho obrigatório para uma paz justa e duradoura.
Também desse ponto de vista (isto é, ter evitado que o assassinato de Padovese condicionasse a visita), a viagem do Papa ao Chipre foi um sucesso, assim como havia sido a viagem a Malta no meio da maré alta do escândalo da pedofilia. "Não existem duas linhas", confirma também o padre Bernardo Cervellera, diretor da Asianews, a agência de informações sobre a Igreja no mundo que desde sempre é considerada como informada e confiável.
Não é por acaso que o padre Samir Khalil Samir, jesuíta egípcio, professor de história da cultura árabe e de islamologia na Universidade Saint-Joseph de Beirute, considerado o maior especialista católico em Islã e influente "conselheiro" do próprio Bento XVI, que também estava presente no Chipre, escreva frequentemente na Asianews.
Samir, além disso, faz parte do Comitê Científico da Oasis, a revista que faz referência ao Patriarca de Veneza, Angelo Scola, editada também em árabe. A linha do "triálogo" não pode ser considerada "uma correção" do discurso de Regensburg que o bispo Padovese também havia compartilhado totalmente. No último dia 05 de fevereiro, quarto aniversário do assassinato do padre Santoro, ele havia dito à Rádio do Vaticano: "Padre Andrea foi assassinado como símbolo enquanto sacerdote católico".


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