quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Moçambique: É como um filme de terror, diz religiosa sobre perseguição a cristãos

Moçambique: É como um filme de terror, diz religiosa sobre perseguição a cristãos: Após os violentos ataques de extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado, Moçambique, a missionária portuguesa Ir. Mónica da Rocha fala dos relatos que ouviu dos deslocados e os compara com um roteiro de “filme de terror”. Os terroristas têm sido particularmente cruéis com os cristãos relata a irmã, quem ouviu dos deslocados que os jihadistas atearam fogo em pessoas vivas e decapitaram jovens e crianças.

EDAÇÃO CENTRAL, 07 abr. 21 / 01:00 pm (ACI).- Após os violentos ataques de extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado, Moçambique, a missionária portuguesa Ir. Mónica da Rocha compara os relatos que ouviu dos deslocados a um roteiro de “filme de terror”. Os terroristas têm sido particularmente cruéis com os cristãos relata a irmã, que ouviu dos deslocados sobre os jihadistas ateando fogo em pessoas vivas e decapitando jovens e crianças.

Em seu ataque mais recente, rebeldes armados invadiram a vila de Palma, na Província de Cabo Delgado, no dia 24 de março. O Departamento de Estado dos EUA apontou como autor dos atentados o grupo jihadista, Al-Shabaab. Entretanto, na segunda-feira, através da agência de notícias Amaq, o Estado Islâmico (Daesh) assumiu a autoria dos ataques, afirmando ainda que seus integrantes assumiram o controle da cidade.

O saldo da violência, até o momento, é de 55 mortos e mais de 700 mil deslocados. A comunidade cristã de Cabo Delgado foi particularmente atingida pela brutalidade dos terroristas. Mais de 50 cristãos, incluindo jovens e crianças, foram decapitados em Cabo Delgado em novembro de 2020 e dezenas de edifícios da Igreja Católica têm sido palco de violência e assassinatos de cristãos que se recusam a abdicar da fé ou unir-se aos jihadistas.

A Irmã Mónica da Rocha pertence à Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, cuja missão inclui neste momento apenas duas irmãs e quatro jovens aspirantes. Ela afirma que na região surgiu um dos vários campos de acolhimento para os quase 700 mil deslocados de Cabo Delgado.

Numa mensagem enviada para a Fundação AIS, a religiosa tem palavras duras para descrever este conflito armado, que classifica de “guerra cruel”, e denuncia o silêncio das autoridades face aos ataques que estão a flagelar a região de Cabo Delgado desde outubro de 2017.

“Sinto revolta e impotência perante esta realidade. Revolta porque considero que já há muito se poderia ter acabado com esta guerra tão cruel e sem sentido, a começar pelo próprio governo que internamente se mantém em silêncio e passa uma mensagem ao povo de que tudo está bem e sob controlo”, afirma Ir. Mónica.

A religiosa portuguesa diz que escutou destas famílias relatos que retratam a frieza e a brutalidade dos terroristas.

“Os que foram apanhados foram cortados aos poucos para que os que estavam escondidos ao verem isso a acontecer acabassem por aparecer… mas conseguimos ficar em silêncio e eles acabaram por ir embora…”, diz a Irmã contando o testemunho de alguns dos sobreviventes que ela escutou.

Em outro testemunho escutado pela Irmã Mónica, contaram-lhe que os terroristas mandaram as crianças embora e depois “atearam fogo às pessoas que não fossem muçulmanas”.

“Eles entraram em casa de repente e mataram pessoas na nossa frente e depois mandaram-nos embora para contarmos o que tinham feito”, diz a Irmã ao recordar outro testemunho.

Cabo Delgado vem sofrendo ataques de grupos armados ligados ao Estado Islâmico desde outubro de 2017, o que levou a região a uma situação de profunda crise humanitária. De acordo com as Nações Unidas, além do saldo de 700 mil deslocados, a violência causou a morte de mais de 2 mil cidadãos.

A situação em Pemba

“Com as comunicações muito difíceis ou quase impossíveis, é com apreensão que os acontecimentos estão a ser seguidos desde Pemba, a cidade-sede da província de Cabo Delgado e o lugar onde se encontram praticamente todos os sacerdotes e religiosas que tiveram de abandonar também as suas paróquias e missões por causa dos ataques”, relata a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Um desses religiosos deslocados a Pemba é o padre Edegard Silva, missionário brasileiro, que relatou à AIS que sua paróquia, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, foi palco de violentos ataques dos terroristas nesses três anos de guerra. Além disso, padre Edegard também denunciou um número crescente de pessoas que contraíram o cólera, devido às condições catastróficas de higiene em que se encontram milhares de pessoas deslocadas.

A proximidade do Papa Francisco

A situação de constantes ataques aos cristãos levou o Papa Francisco a apelar à paz na região várias vezes desde 2017, e também a transferir para o Brasil o antigo bispo de Pemba, o missionário brasileiro Dom Luiz Lisboa, nomeado Bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim (ES) com a dignidade de Arcebispo. O bispo sofria seguidas ameaças de morte devido à coragem de denunciar às autoridades nacionais e internacionais a brutalidade dos jihadistas.

Ao falar durante uma reunião do Parlamento Europeu no dia 3 de dezembro, Dom Lisboa apresentou a situação de urgência humanitária vivida em Moçambique. “É uma tragédia humana, é uma crise humanitária muito forte porque as pessoas, a maioria, saíram [de suas casas] deixando tudo para trás”, disse o bispo.

Diante dessa situação disse que a população tem muitas necessidades. “Não param de chegar pessoas em vários distritos e nós estamos tentando atender as necessidades mais básicas, que é a alimentação, água, roupas, esteiras, cobertores, arranjar um lugar para ficar”.

Em agosto de 2020, o Papa Francisco telefonou para Dom Luiz Fernando Lisboa para lhe expressar sua “proximidade”, bem como “ao povo da região de Cabo Delgado”.

Na ocasião, o bispo contou que o papa tem acompanhado os acontecimentos na província “com grande preocupação e que está constantemente rezando” por esse povo.

“O Santo Padre também me disse que se houvesse algo mais que ele pudesse fazer, não devemos hesitar em pedir-lhe. Ele está pronto a caminhar conosco”, afirmou.

Confira também:

Freira italiana de 84 anos é morta em Moçambique

Freira italiana de 84 anos é morta em Moçambique: A freira italiana Maria De Coppi, de 84 anos, foi morta em Moçambique em um ataque terrorista supostamente por radicais muçulmanos. Segundo a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre na Itália (ACN), o ataque ocorreu na noite de terça-feira (6), em Chipene.



Roma, 08 set. 22 / 10:38 am (ACI).- A freira italiana Maria De Coppi, de 84 anos, foi morta em Moçambique em um ataque terrorista supostamente por radicais muçulmanos. Segundo a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre na Itália (ACN), o ataque ocorreu na noite de terça-feira (6), em Chipene.

Irmã Maria De Coppi nasceu em Vittorio Veneto, Itália, e estava em missão na África desde 1963.

Os terroristas invadiram e queimaram a missão de Chipene, na diocese de Nacala, onde as religiosas acolhiam os deslocados que fugiam de grupos terroristas islâmicos. A irmã Maria De Coppi recebeu um tiro na cabeça e morreu na hora e as outras irmãs e dois missionários de Vêneto, Itália, padre Lorenzo Barro e padre Loris Vignadel, conseguiram escapar.

egundo a ACN, o crescimento e concentração de organizações criminosas, a radicalização islâmica desde outubro de 2017 representam as maiores ameaças à população, especialmente na província de Cabo Delgado, no norte do país. O principal grupo terrorista local é Al Sunna wa Jama'a, conhecido como Al Shabaab.

Os deslocados internos já são mais de 800 mil.

Segundo Alessandro Monteduro, diretor da Ajuda à Igreja que Sofre na Itália, “não apenas as autoridades civis, mas também os líderes religiosos devem condenar e isolar com maior determinação a radicalização”.

Monteduro falou também da morte das Missionárias de Maria, irmã Lucía Pulici, irmã Olga Raschietti e irmã Bernadetta Bogian em Burundi, que completou oito anos ontem (7).

“Oito anos depois, os missionários continuam pagando o tributo de sangue para evangelizar as nações africanas”, disse. “O bárbaro assassinato da freira italiana irmã Maria De Coppi representa um novo golpe para a comunidade cristã em Moçambique e em toda a África”.




sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Assassinatos de cristãos em Moçambique por islamitas: cada vez mais frequentes

Italian missionary sister shot 

dead in northern Mozambique

|Africa Correspondent



CRUX Taking the Catholic Pulse



A church damaged by fighting is pictured in Mocímboa da Praia, Mozambique, Sept. 22, 2021. The region has long experienced instability, but the insurgency involving Islamist militants began in 2017. (Credit: Baz Ratner/Reuters via CNS.)

YAOUNDÈ, Cameroon – An Italian nun has been murdered in northern Mozambique.

Comboni Sister Maria De Coppi was shot in the head on Tuesday night in the village Chipene, located in Nampula Province. The province borders Cabo Delgado, where an Muslim insurgency has been raging for five years.

De Coppi was killed when she was on her way to a student dormitory during an attack on a parish mission. The attackers also burned the church, a hospital, and the primary and secondary schools in the complex.

Father Loris Vignandel and Father Lorenzo Barro were able to escape to safety.

“They burnt everything, breaking down all the doors except for ours. And this makes us very suspicious: how come and why precisely our two doors were not touched?” Vignandel wrote after attack, claiming God must have spared the priests because they “still have something to live for.”

The bishops’ conference of Italy issued a statement lamenting the loss of De Coppi, noting it came just a few months after another missionary sister was killed in Haiti.

“After Sister Luisa Dell’Orto, Little Sister of the Gospel of Charles de Foucauld, who died on June 25 in Haiti, we mourn another sister who with simplicity, dedication and in silence offered her life for the love of the Gospel,” said Cardinal Matteo Zuppi, archbishop of Bologna and president of the Italian episcopal conference.

The cardinal said in his Sept. 7 statement that he was offering “deep condolences” to the Comboni Missionary Sisters and to the diocese of Vittorio Veneto.

“We pray for Sister Maria who for sixty years has served Mozambique, which has become her home. May her sacrifice be a seed of peace and reconciliation in a land that, after years of stability, is once again scourged by violence, caused by Islamist groups that have been sowing terror and death in vast areas of the north of the country for some years,” Zuppi said.

“My thoughts, on behalf of the churches in Italy, go to the family members and the Comboni sisters, to Father Lorenzo and Father Loris and to all the missionaries who remain in so many countries to bear witness to love and hope,” he added.

Meanwhile, the Catholic Bishops’ Conference of Southern Africa issued a Sept. 7 statement expressing its “deep sorrow” over the murder of the nun, and said they were increasingly concerned about the safety of priests and nuns in the area.

“There is nothing one can say at this moment to console you except to assure you that we grieve with you,” the statement said.

“At this challenging time, we try to hang on to the words of Jesus, who promises those who mourn while believing in him that they shall be comforted,” the letter continued.

They said De Coppi’s life, like so many others before her, has been “brutally terminated for greed and intolerance of freedom of belief.”

The bishops’ conference added the nun died “a martyr’s death,” noting that over six decades, the nun never abandoned the poor and destitute.

De Coppi was a fierce critic of the ongoing war in northern Mozambique.

“The last two years have been very hard. In the north of the country there is a war going on for gas fields and people are suffering and fleeing: In my parish there are 400 families coming from the war zone. Then came the cyclone. Finally, last year the drought lasted for a long time. Today in Nampula there is extreme poverty,” she said in an interview earlier this year.

The missionary said the people of the region have been “waiting for the war and calamities to pass.”

Nampula province has been affected by the ongoing insurgency in the neigboring Cabo Delgado province.

Fighting broke out in the Cabo Delgado region of Mozambique in 2017 when a group calling itself al-Shabab — not linked to the Somali group of the same name – attacked towns in the region.

After the rebels seized the town of Palma in early 2021, troops from neigboring countries arrived in the country to help the Mozambican military.

Around 2,000 troops from eight Southern African Development Community (SADC) nations, known as the SADC Mission in Mozambique (SAMIM), were deployed on July 15, 2021. Rwanda, a non-SADC member, had earlier sent in 1,000 soldiers to Cabo Delgado, after an agreement with Mozambique.

The insurgents are known for their brutal methods, including burning villages and beheading civilians, and at least 4,000 people have died in the conflict.

The International Organization for Migration estimates over 900,000 people have had to flee their homes since the conflict began.