sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Mais um ataque terrorista islâmico contra Igreja Cristã


Ataque contra igreja cristã no Cairo deixa 9 mortos; EI assume autoria

Amr Abdallah Dalsh/Reuters
Pessoas observam local de ataque em igreja cristã no distrito de Helwan, no Cairo (Egito)
Pessoas observam local de ataque em igreja cristã no distrito de Helwan, no Cairo (Egito)
Ao menos nove pessoas, entre eles oito cristãos copta e um policial, foram mortas após um homem armado abrir fogo contra uma igreja no sul do Cairo, informou o Ministério do Interior do Egito nesta sexta-feira (29).
O agressor ficou ferido e foi detido. O Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque, segundo a agência Amaq, que divulga comunicados do grupo extremista.
Uma versão anterior divulgada pelo Ministério da Saúde autoridades falava em dois homens armados e dez mortos, mas não houve explicação para a divergência.
O ataque contra a igreja copta de Mar Mina deixou ainda outras seis pessoas feridas.
A minoria cristã no Egito tem sido alvo de militantes islâmicos em uma série de ataques que já deixaram mais de 100 mortos desde dezembro de 2016.
O país está em estado de emergência desde abril, quando ataques suicidas assumidos pelo Estado Islâmico atingiram duas igrejas coptas no Domingo de Ramos.
Um porta-voz da Igreja Ortodoxa Copta afirmou que o agressor primeiro realizou um ataque contra uma loja no mesmo bairro, Helwan, matando dois. Depois dirigiu-se para a igreja. Ele tentou jogar explosivos no local, mas foi ferido antes.
Samir Gerges, uma testemunha, disse que as pessoas que estavam dentro da igreja fecharam os portões quando os tiros começaram do lado de fora.
Raouth Atta, 40, estava dentro da igreja quando o ataque começou. "Quando os tiros foram ouvidos, os portões foram fechados imediatamente", ele afirmou à Associated Press. "As pessoas estavam aterrorizadas. Ficamos lá dentro por 30 minutos antes de podermos sair."
O Ministério do Interior afirmou que as forças de segurança "haviam lidado imediatamente com o agressor e o detido depois que foi ferido". "Medidas legais foram tomadas", afirmou ainda, sem dar detalhes. 

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Religião comunista chinesa. Mas com capitalismo, é claro.

Cristãos chineses são obrigados a substituir quadros de Cristo pelos de Xi

 EFE ter, 14 de nov 08:25 BRST 

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

VIVA A POLÔNIA!

 Cruzada do Rosário na Polônia (do Fratres in Unum)

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Participação maciça na Cruzada do Rosário na Polônia. Liberais furiosos
Por Lisa Bourne, Varsóvia, Polônia, 9 de outubro de 2017 – LifeSiteNews | Tradução: FratresInUnum.com: Centenas de milhares de católicos poloneses cercaram seu país de oração no sábado [7 de outubro – festa de Nossa Senhora do Rosário e recordação da Batalha de Lepanto], implorando a intervenção de Nossa Senhora para salvar a Polônia e o mundo.
Os católicos deram a volta ao redor dos 3.200 quilômetros de fronteira da Polônia para rezar o “Rosário nas Fronteiras”, ao passo que as mídias progressistas consideraram o encontro nacional de oração “polêmico”, xenófobo, islamofóbico ou não representativo da Igreja Católica.
“Os católicos da Polônia realizam um polêmico dia de oração nas fronteiras”, dizia a manchete da BBC a respeito do evento.
Rafał Pankowski, chefe do grupo de defesa de compreensão multicultural de Varsóvia Jamais Novamente, disse à Associated Press: “Todo o conceito de fazer essa oração nas fronteiras reforça o modelo étnico-religioso e xenófobo de identidade nacional”.
Krzysztof Luft, ex-membro do maior partido de oposição da Polônia, a Plataforma Cívica liberal, tuitou: “Ridicularizando a Cristandade em grande escala. Eles tratam a religião como uma ferramenta para manter o atraso na estagnação polonesa”.
O “Rosário nas fronteiras” foi organizado por católicos leigos e sancionado por líderes da Igreja na Polônia, com cerca de 320 igrejas de 22 dioceses que participam em cerca de 4.000 locais ao longo da fronteira com a Alemanha, a República Tcheca, a Eslováquia, a Ucrânia, a Bielorrússia,  a Lituânia,  a Rússia e o Mar Báltico.
Mais de 90% dos 38 milhões de cidadãos da Polônia são católicos romanos.
A primeira-ministra católica da Polônia também aprovou o evento do rosário. Beata Szydlo tuitou: “Saúdo a todos os participantes”.
O padre Pawel Rytel-Andrianik, porta-voz da Conferência Episcopal Polonesa, disse que foi o segundo maior evento de oração na Europa desde a Jornada Mundial da Juventude, em 2016. O New York Times informou, no entanto, que os números de participação final ainda estavam sendo calculados.
As capelas do aeroporto, consideradas portões de entrada para o país, também foram locais de oração para os católicos, afirmou o AP, e os soldados poloneses estacionados no Afeganistão rezaram no aeródromo de Bagram.
As posições de oração para o evento do rosário também incluíam barcos de pesca no mar, bem como caiaques e veleiros formando correntes em rios poloneses, de acordo com um relatório da Agence France-Presse.
“Durante a oração, eu estava no aeroporto de Chopin em Varsóvia”, disse o padre Rytel-Andrianik, “e havia muitas pessoas saindo da capela”.
“Essa foi uma iniciativa de leigos, o que torna o evento ainda mais extraordinário”, prosseguiu. “Milhões de pessoas rezaram o rosário juntas. Esse número excedeu as expectativas mais ousadas dos organizadores “.
As igrejas que participaram iniciaram o evento de oração com uma palestra e a celebração da missa antes que os católicos se dirigissem para as fronteiras para rezar o rosário.
O “Rosário nas Fronteiras” tomou seu significado a partir das aparições de Nossa Senhora de Fátima, programadas para o primeiro sábado do mês durante o centenário da aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos em Fátima, Portugal.
O evento nacional de oração católica da Polônia também coincidiu com a Festa de Nossa Senhora do Rosário no aniversário de 7 de outubro da vitória naval de 1571 da Santa Liga sobre a marinha do Império Otomano na Batalha de Lepanto.
O rosário está intimamente ligado à vitória de Lepanto, devido ao apelo do Papa São Pio V aos fiéis para que rezassem o rosário pela vitória.
Os comentários de alguns participantes a respeito da Europa manter suas raízes cristãs ou derrubar a maré do Islã foram instrumentalizados pela mídia para descrever o “Rosário nas fronteiras” como evento nacionalista ou de “Medo do Islã”.
“Vamos rezar por outras nações da Europa e do mundo para entendermos que precisamos voltar às raízes cristãs da cultura europeia se quisermos que a Europa permaneça na Europa”, disse o arcebispo de Cracóvia, Marek Jedraszewski, durante a missa no sábado.
“Isso é algo muito sério para nós”, disse Basia Sibinska à AP. “Queremos rezar pela paz, queremos rezar pela nossa segurança. Claro, todos vêm aqui com uma motivação diferente. Mas o mais importante é criar algo intenso e apaixonante como um círculo de oração ao redor de toda a fronteira”.
A Polônia e a Hungria se recusaram a receber migrantes sob o sistema de quotas estabelecido pela União Europeia, causando controvérsias e ameaçando a filiação dos dois países na UE.
Os receios com a secularização na Europa, no entanto, existem independentemente da atual crise migratória e suas diversas implicações.
O relatório do Times referiu-se ao evento de oração do rosário dizendo que “católicos poloneses agarrando contas de rosário” reuniram-se “para uma manifestação em massa” e chamaram a Polônia de “uma nação movendo-se cada vez mais para a direita”.
O teólogo da Universidade Villanova, Massimo Faggioli, usou o Twitter para criticar o evento, dizendo que o rosário teve um “uso anti-imigrantes”.
Ele tuitou dizendo: “Usar a Virgem Maria como um escudo humano e o Rosário como uma arma contra o Islã não é exatamente o meu modo de pensar” e “usar o Rosário como arma contra o Islã não representa ‘a Igreja Católica’”.
Os organizadores disseram à LifeSiteNews que o objetivo do evento do Rosário na Fronteira era seguir o chamado de Nossa Senhora em Fátima para rezar o rosário para o resgate do mundo.
“O Rosário nas Fronteiras não é uma cruzada, porque não queremos lutar com ninguém”, disse Maciej Bodasiński. “É uma comoção gigantesca em favor, não contra algo. Seguimos firmemente o seu comando, e rezaremos nas fronteiras do nosso país, saindo em oração e testemunho do mundo inteiro, para que a Misericórdia de Deus não se restrinja a nenhuma fronteira “.
O padre Alexander Lucie-Smith, teólogo moral e editor de consultoria do Catholic Herald, disse em uma postagem no blog que rezar o rosário não é algo polêmico, e essa é a nossa melhor arma contra o mal.
O padre Lucie-Smith observou que a Polônia tem uma história diferente de outras nações europeias, como a Grã-Bretanha, tendo sido “apagada do mapa em várias ocasiões” na história recente.
“Se os poloneses parecem mais apegados à soberania nacional do que a maioria, quem pode culpá-los?”, indagou. “Sua soberania tem sido muito contestada. Além disso, a questão da nacionalidade polonesa está profundamente relacionada à fé católica. Tanto em questões de etnia e religião, os poloneses foram firmes em resistir à russificação. Você pode culpá-los?”
Ele também disse que os poloneses têm o direito de fazer suas próprias escolhas em matéria de admissão de migrantes e que rezar pela salvação da Polônia e do mundo era “admirável. O exemplo polonês deveria estimular os outros a fazerem a mesma coisa.”
Em relação à ligação com a Batalha de Lepanto, o padre Lucie-Smith disse que comemorar o aniversário não denota a negatividade perante outro país, mas comemora a libertação daqueles que foram submetidos a um regime despótico, incluindo os escravos das galés cristãs, fazendo disso algo para se comemorar.
Ele também enfatizou que a oração pela vitória na guerra “há muito tem sido o caminho cristão”, seja em Lepanto, durante a Segunda Guerra Mundial, bem como até e incluindo os bispos nigerianos, instando as pessoas de hoje a rezarem o rosário diante de Boko Haram, “o que está completamente de acordo com a tradição católica”.
“Polêmico? Eu não penso assim”, escreveu o padre Lucie-Smith. “Os católicos fazem isso há séculos”.
“Tenhamos a esperança de continuar rezando durante os séculos vindouros”, disse. Como o site dos organizadores do evento polonês nos recorda, “o rosário é uma arma poderosa contra o mal”. Continuemos a usá-lo!

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Islã e terrorismo. Expulsão dos últimos cristãos do Egito.

Explosões em duas igrejas cristãs no Egito deixam dezenas de mortos
Número de mortos chega a 44, somadas as vítimas dos ataques ao templo de Tanta e ao de Alexandria. Estado Islâmico reivindicou os atentados.
9/4/2017 (G1)

Explosões em duas igrejas cristãs coptas no Egito deixaram ao menos 44 mortos e mais de 100 feridos neste domingo (9), segundo um comunicado do ministério egípcio da Saúde. O primeiro alvo foi um templo em Tanta, a quinta maior cidade do país, seguido de um ataque em Alexandria, a segunda mais populosa cidade egípcia.
Inicialmente, a TV local informava que nenhuma organização havia assumido os ataques. O grupo radical Estado Islâmico, no entanto, reivindicou o atentado, por meio de sua agência de notícia, a Amaq.
Ao menos 17 pessoas morreram e 48 ficaram feridas, segundo um novo balanço do ministério da Saúde.
Assim como no restante do mundo, os cristãos do Egito celebravam o Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa.

A explosão em Alexandria, no norte do país, aconteceu na igreja de São Marcos, informou a televisão estatal do país árabe, que não ofereceu mais detalhes sobre o ocorrido. Pela manhã e antes do incidente, o papa copta Teodoro II esteve no lugar para a celebração do Domingo de Ramos, informou a Igreja Copta do Egito.

Igreja copta que foi alvo de ataque em Tanta, no Egito, neste domingo (9) (Foto: Stringer / France Presse)

Já a explosão em Tanta ocorreu na igreja de São Jorge. A cidade fica a cerca de 120 km ao norte da cidade do Cairo, capital do país. De acordo a TV local, o explosivo foi colocado debaixo de um banco.
O ataque deixou 27 mortos e 78 feridos perto de uma igreja da cidade de Tanta, no delta do Nilo. A polícia isolou a área enquanto o esquadrão antibomba trabalhava no local em busca de outros explosivos.

Vídeo disponibilizado pelo Ministério do Interior do Egito mostra terrorista suicida explodindo bomba em igreja de Alexandria .

As igrejas cristãs são alvos constantes de atentados. Em dezembro de 2016, o alvo de explosões foi a maior catedral do Cairo, onde 25 pessoas morreram e outras 49 ficaram feridas, muitas delas mulheres e crianças. Esse foi o ataque mais mortal contra a minoria cristã do Egito em anos.


terça-feira, 21 de março de 2017

A Europa sem filhos.

TURKISH OFFICIALS THREATEN EUROPE, WARN OF HOLY WAR

NEWS: WORLD NEWS
by Derek Ganzhorn  •  ChurchMilitant.com  •  March 20, 2017   

Turkish president urges Muslims to have five children instead of three

ISTANBUL (ChurchMilitant.com) - Turkish officials are wielding their political clout and suggesting "holy wars" will soon break out across Europe.
The latest statements come from President Tayyip Erdogan, who on Friday called Turks living on the continuent "Europe's future," urging them to have "not just three but five children." Erdogan had previously exhorted Turks to have three children.
"From here I say to my citizens, I say to my brothers and sisters in Europe," he said, "Educate your children at better schools, make sure your family live in better areas, drive in the best cars, live in the best houses," said Erdogan in a televised speech from a city south of Istanbul.
The president's comments come just a day after Turkey's foreign minister Mevlut Cavusoglu warned European leaders that "religious wars" (or "holy wars") would soon envelop the continent.
"Where are you dragging Europe to?" Cavusoglu asked European leaders on Thursday. "You have begun to disintegrate Europe and take Europe to the cliff. Soon religious wars will begin in Europe."

 
The spat between Turkish and European leaders revolves around a Turkish referendum to be held in April. If it passes, the referendum will merge the positions of prime minister and president, giving Erdogan and his AKP Party greater authority. Erdogan, an Islamist who has spent his political career deconstructing Turkey's secular constitution, has been consolidating his power after a failed coup against him last summer.
About 2.5 million Turks living in Europe are eligible to vote in the referendum, and Erdogan has been wooing them. But disputes arose after Dutch Prime Minister Mark Rutte denied Cavusoglu entry into the Netherlands to attend a rally in support of the referendum on March 11. Cavusoglu had previously been allowed to campaign in France.
Turks within the small European nation responded to Rutte's decision with riots in Rotterdam and Amsterdam Saturday night. Erdogan went on the offensive, comparing the Dutch government to Nazis and blaming the Dutch for the Srebrenica massacre in 1995. Erdogan also cut off diplomatic talks with the Dutch on Monday and closed Turkey's airspace to their diplomats. 
You have begun to disintegrate Europe and take Europe to the cliff. Soon religious wars will begin in Europe.Tweet
The ominous words from the Turks continued even after Rutte's center-right party, which has generally been accommodating to Muslim immigrants, fended off a challenge of populist, anti-Islam candidate Gheert Wilders in a general election Wednesday. Yet Cavusoglu derided any distinction between parties when speaking to European leaders Thursday, saying, "[W]hen you look at the many parties you see there is no difference between the social democrats and fascist Wilders." 
Turkish leaders have lately been more brazen about flouting their political power in Europe. Turkey's Interior Minister Suleyman Soylu warned European leaders on Thursday it would "blow the mind" of Europe by sending 15,000 refugees a month onto the continent.
Erdogan also was successful in convincing German chancellor Angela Merkel to bring criminal defamation charges against a comedian who had written a poem critical of the Turkish president. The charges were later dropped. 
Threats of religious war come at a time when some European Catholics are recognizing the dangers of modern Europe's secular lifestyle. Carlo Liberati, archbishop of Pompeii, recently predicted the pagan and secular lifestyle promoted in Europe would foster the rise of Islam.
"Parishes are the only thing still standing," said the archbishop. "We need a true Christian life. All this paves the way to Islam. In addition to this, they have children and we do not. We are in full decline."
"In 10 years we will all be Muslims because of our stupidity," he added.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O "silêncio" dos...ateus

“Silêncio” não é “um retrato histórico”

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A nossa grande falha civilizacional é epistemológica. Já não se acredita que a realidade seja percetível objetivamente. Vivemos tempos em que todos somos Pilatos, prontos a ripostar “o que é verdade?"
O problema fundamental da nossa era não é económico nem financeiro. Tão pouco é social ou político. Nem sequer é o populismo ou a proliferação de leis e regulamentos que coartam a liberdade e iniciativa dos indivíduos. A grande crise da Europa e da sua civilização é filosófica. Mas não é principalmente uma crise nem metafísica nem sequer ética. A nossa grande falha civilizacional hoje é epistemológica. Já não se acredita que a realidade seja percetível objetivamente. Vivemos numa época em que todos somos Pilatos, prontos a ripostar “o que é a verdade?” e, ato continuo, virar-Lhe as costas com mais desplante e cinismo que o do verdadeiro Pôncio. Hoje, o ceticismo já não é um tique chique de professor de filosofia, como foi no século dezanove, mas um reflexo imbuído em todos os cidadãos pelo sistema escolar obrigatório.
Assim é natural que a ficção tenda a se sobrepor à realidade. Vivemos na realidade virtual na política, na economia e na gestão empresarial. Quando se desvanece a convicção que o conhecimento humano é capaz de aceder à realidade e apreendê-la restam as opiniões e sobra a crença de que de todas as opiniões têm igual valor. Nesta situação as “narrativas” tornam-se mais relevante que os factos.
Action,
As narrativas do PS sobre a TSU e da imprensa europeia sobre Hillary Clinton dariam bons exemplos. Mas outro exemplo, quase tão mediático, é-nos oferecido pela narrativa do filme “Silêncio”. Que ficção não é História é a desculpa do costume para casos destes. Como a narrativa de “Silêncio” é vendida como ficção, argumenta-se que não tem de corresponder aos factos estabelecidos pela ciência histórica. A consequência lamentável é que, como já não se acredita na possibilidade de qualquer réstia de objetividade na História, e também porque se consome cada vez mais ficção, a narrativa que fica na cabeça é a da ficção e a que desaparece é a da História. A ponto dos jornais se referirem à ficção de “Silêncio” como “um retrato histórico”. A atitude mental da nossa época é conducente a que o retrato virtual oferecido por Scorsese sobre Cristóvão Ferreira e os dois jesuítas que vão para o Japão em sua busca se torne mais real que a realidade histórica cristalizada em dezenas de manuscritos do século dezassete que chegaram até nós.
Mas qual é o retrato histórico de Cristóvão Ferreira (c. 1580—1650) que nos oferecem as fontes do século dezassete? Para quem estiver interessado em saber mais existe material detalhado e acessível na net (meu aqui e outro melhor aqui). Mas podemos resumidamente referir que Ferreira nasceu em Torres Vedras, arquidiocese de Lisboa, cerca de 1580, e que entrou para a Companhia de Jesus em 1596. Fez dois anos de noviciado em Campolide e depois, a partir de 1598, frequentou o Colégio das Artes em Coimbra. Em Abril de 1600 embarcou numa nau para a Índia e chegou a Macau em Agosto de 1601. Aqui completou a sua formação intelectual frequentando os cursos de filosofia (3 anos) e teologia (4 anos) do Colégio da Madre de Deus. Foi ordenado em finais de 1608 e depois embarcou para o Japão na primeira nau disponível, na Madre de Deus, precisamente na sua última viagem. Ferreira não assistiu ao épico combate que resultou na destruição desta embarcação em Nagasaki, porque logo a seguir a desembarcar foi para o seminário de Arima. Em Macau e em Arima aprendeu o japonês a ponto de se tornar completamente fluente. Em 1610 foi para a capital imperial onde se tornou conhecido e popular nos círculos intelectuais, especialmente entre o grupo que veio dar origem à wasan, a matemática japonesa, e entre os cosmólogos independentes, que começavam então a contestar a cosmologia e o calendário oficiais. Também ficou conhecido, no imaginário japonês, pela prática ativa das sete obras de misericórdia corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os encarcerados, abrigar os sem abrigo, visitar os doentes e sepultar os mortos.
Quando se deu a proscrição do Cristianismo e a expulsão dos missionários em 1614 Ferreira passou à clandestinidade. Em 1617 deixa a capital e passa a exercer a sua atividade em Kyushu, especialmente em Nagasaki e arredores. Em 1633 o padre Sebastião Vieira (1571—1634), o responsável pela missão jesuíta no Japão, também ele na clandestinidade, é preso pelas autoridades e Ferreira assume a direção de empresa jesuíta. Por pouco tempo, porque no ano seguinte também ele é capturado. O que tornou Ferreira notável e conhecido em todo o mundo, de Nagasaki a Edo e do Rio a Cracóvia, foi o de ter sido o primeiro missionário a apostatar. A Cristandade ficou incrédula e os jesuítas em choque. Fizeram-se jejuns e penitências públicas por todo o lado, de Goa a Vilnius. Antes dele outros padres e irmãos, e muitas centenas de leigos, tinham sido submetidos à laje, ao cavalo de madeira, à suspensão, ao caldeirão, à fogueira, à cruz e à fossa sem cederem nas suas convicções relativamente à Verdade. Ferreira tinha sido posto na fossa.
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A fossa, diga-se de passagem, era considerado o tormento mais excruciante de todos, de acordo com relatos coevos que chegaram até nós. O supliciado era revestido com um mino, uma fatiota de palha de arroz, atado com força à volta de todo o corpo, nos pés e pernas, abdómen, braços e tórax, e pendurado de cima para baixo mas de modo que a cabeça ficasse numa fossa, onde usualmente era posto excremento; um sobrado, apenas com espaço para o pescoço, era posto à volta do cachaço para que não pudesse sentir a luz e fazer uma ideia da passagem do tempo; e eram feitos dois golpes nas têmporas de modo a evitar uma morte prematura devido à subida da pressão sanguínea no cérebro. E, já agora, valerá a pena notar que não havia intervalos para refeições, sonecas, ou outras atividades motoras ou excretoras: uma vez na fossa só a morte ou a submissão às exigências da política estatal interrompia a violência. As dores, que se começavam a sentir pouco depois da pessoa ter sido pendurada, são sempre descritas como sendo indiscritíveis: todas as fontes referem que nenhum outro tipo de dor pode ser dado em comparação. A morte ocorria usualmente ao fim de dois a cinco dias, mas uma das mãos era deixada livre fora do mino para que a vítima da violência do Estado pudesse dar um sinal previamente estipulado de que acedia às exigências que lhe eram feitas. Juntamente com Ferreira, a 18 de outubro de 1633, foram postos na fossa outros cristãos, um dos quais o padre Nakaura Julião (1568—1633), que tinha sido um dos quatro embaixadores japoneses à Europa em 1582-1590 e colega de Ferreira no Colégio da Madre de Deus. Mas enquanto Nakaura exalou o seu espírito ao fim de quatro dias de tortura, Ferreira, que era o chefe, fez o sinal com a mão ao fim de seis horas.
Que Ferreira tenha apostatado levado pela angústia do sofrimento que os cristãos padeciam é uma estória bonita, e que consola a muitos espíritos contemporâneos, mas é ficção. É de frisar que os diálogos de “Silêncio” não são apenas ficção, muitos deles são ficção improvável. Nenhum dos que com ele estavam na fossa foi libertado, e quase nenhum das centenas que se lhe seguiram quiseram ser poupados ou foram poupados. Os japoneses do século dezassete eram rijos, rijos na fé e na incredulidade, rijos na capacidade de sofrer e rijos na capacidade de infligir sofrimento. Seres muito diferentes dos leitores fofos e adocicados de Endo Shusaku na década sessenta, e dos cinéfilos de hoje.
Depois da apostasia Ferreira foi naturalizado japonês, foi-lhe atribuído o nome de um criminoso que tinha sido justiçado, Sawano Chuan, foi-lhe imposta como família a mulher e os filhos do condenado, e foi feito funcionário público. Nas suas novas funções Sawano Chuan participou como interrogador de cristãos que eram torturados, com o fim de obter denúncias de outros correligionários, e no processo ganhou má reputação entre os cristãos japoneses. Foram-lhe também encomendadas várias obras pelo governo, entre as quais um tratado anticristão, Kengiroku, e um tratado sobre a cosmologia ocidental, Kenkon Bensetsu, que tem como peculiaridade ser o primeiro tratado escrito em japonês em que se expõe a esfericidade da Terra, e em que se explica como se pode perceber que na realidade esta é de facto redonda, e que não se trata de apenas mais uma teoria que quem quiser pode aceitar se lhe apetecer.
Os personagens Sebastião Rodrigues e Francisco Garupe da estória são ficção, mas a estupefação de muitos jesuítas ao ouvirem da apostasia fez com que de fato alguns fizessem longas e arriscadas viagens para contactar Ferreira e chamá-lo à razão. O primeiro foi o padre Marcello Mastrilli (1603—1637), que partiu da longínqua Itália e em 1637 chegou ao Japão, onde foi imediatamente apanhado e posto na fossa sem chegar a se encontrar com Chuan ou com cristãos japoneses. Como ao fim de três dias ainda não tinha morrido, as autoridades impacientaram-se e decidiram acelerar o processo com a sua decapitação.
Outro foi o padre Pedro Kibe Kasui (1587—1639), que viajou clandestinamente do norte do Japão para se encontrar com Chuan. Também foi preso mas teve a sorte de ver a fruição do seu desejo de ser interrogado pelo apostata. Aproveitou-a para lhe implorar que regressasse ao Cristianismo, mesmo com o custo da vida. Não teve no entanto qualquer poder persuasivo no ex-jesuíta, foi posto na fossa e morreu. Foi beatificado em 2008.
Seguiu-se em 1643 um grupo composto pelos padres Giovanni Rubino (1578—1643), Alberto Mezchinski (1598—1643), Diego Morales (1604—1643), Francisco Marques (?—1643) e António Capace (1606-1643) a que se adicionaram três catequistas. Rubino, que tinha sido provincial jesuíta na Índia, partiu de Goa mas as autoridades em Macau não o deixaram rumar para o Japão. Teve então de ir para Manila, onde arranjou um junco para o seu grupo. Assim que puseram pé em Kagoshima foram presos antes de qualquer ensejo de contato com cristãos locais. Foram tratados com todas as cortesias da etiqueta japonesa para com os inimigos do Estado: começaram na laje e terminaram todos, literalmente, na fossa.
Finalmente, um último grupo, composto pelos padres Pedro Marques (1575—1657), Afonso de Arroyo (1592—1643), Giuseppe Chiara (1602—1683), Francesco Cassola (1603-1644), André Vieira (1611-1678) e cinco leigos, tentou também reconverter Chuan. Nenhum deles tinha sido discípulo de Ferreira, mas não há que duvidar da preocupação fraternal que nutriam pela sua vida espiritual. Foram apanhados em Oshima por um grupo de pescadores e enviados para Edo, onde foram processados. Ao contrário das suas expetativas não lograram convencer Chuan, antes foram convencidos por ele, se bem que com a ajuda do argumento esmagador da laje e outros instrumentos coadjuvantes. Depois de apostatarem também eles receberam um nome japonês, mulheres de ladrões decapitados e uma pensão vitalícia para seu sustento. No entanto, ao contrário de Chuan que gozava de alguma liberdade de movimentos em Nagasaki, estes foram confinados, até à morte, no Kirishitan Yashiki, uma prisão-quinta, em Edo, que os isolava de todo o mundo. Embora não tenham estado em contato com cristãos japoneses terão sido estes os missionários que serviram de inspiração para o Sebastião Rodrigues e Francisco Garupe de “Silêncio”.
Não há dúvida que a novela de Endo Shusaku é de uma beleza literária notável ao retratar a complexidade dos sentimentos de um cristão empenhado e convicto sob a pressão atroz dos sofrimentos próprios e daqueles que estima. E o mesmo se pode dizer do filme de Scorsese em que o encanto da paisagem e a beleza da banda sonora são acrescentados ao trama empolgante do drama. No entanto é lamentável que ambos tentem sub-repticiamente passar por realidade o que não passa de ficção usando uma técnica ardilosa: juntando a um personagem histórico de carne e osso duas figuras fantasiosas de padres que nunca existiram. O autor poderia ter escrito a mesma estória sem lá ter posto o personagem histórico Cristóvão Ferreira e a novela seria só novela; também poderia ter feito um relato fatual, com o personagem histórico Cristóvão Ferreira acompanhado de outros personagens históricos, como Chiara ou Cassola, e teria então escrito História. Mas escolheu misturar tudo.
Qualquer argumento em defesa da realidade histórica e contra a sua contaminação por fantasias será de difícil aceitação na idade do pokemon-go, da geringonça e de Donald Trump Presidente. Houve eras em que ficção era ficção e negócios eram negócios. Durante séculos filósofos acreditaram que o conhecimento da realidade era possível. Como consequência despendiam um esforço considerável em justificar que o conhecimento que propunham se adequava à realidade física, social e moral, e faziam-no com entusiasmo e otimismo. Hoje esse entusiasmo e otimismo desapareceram. Podemos até comparar a epistemologia da nossa civilização ao Sebastião Rodrigues do filme: otimista e produtiva enquanto manteve a fé; seca, cínica e dilacerada depois de apostatar.
Professor na AESE Business School